quinta-feira, 27 de julho de 2017

Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Apresentando-se como um exemplar raro na Paraíba, foi erguida no século XVII, por volta de 1636,  em honra a vitória do Senhor Francisco Rabelo (Rebelo) contra os holandeses, no episódio do Governador-geral da província Ippo Eyssen ( Governador do período do domínio Holandês). Este governador, conhecido pela sua crueldade e aspereza moveu a ira dos populares brasílicos e portugueses, sendo morto em uma emboscada, quando as tropas de “Rabelinho” atacaram-nos enquanto assistiam a uma farinhada. Nas proximidades, em honra a sua vitória, Rabelo ergueu duas igrejas. A Capela da Batalha (próximo a ponte de mesmo nome) e a Capela do Socorro.

A sua localização é controvérsia, pois alguns historiadores afirmam pertencer ao município de Santa Rita enquanto outros afirmam pertencer ao município do Cruz do Espírito Santo. Isso se deve ao fato de que as duas capelas construídas por Rebelo estão muito próximas da divisa dos dois municípios criando essa divergência, sendo mais provável que esta pertença ao município de Santa Rita. Certo é que estas capelas estão situadas na Zona Canavieira, e sendo as duas um exemplar de rara beleza. Com relação à Capela do Socorro podemos conferir um espetáculo à parte, sendo esta erguida em Estilo Chão, também associado ao estilo Maneirista ou jesuítico predominante em Portugal no final do século XVI e XVII.  

A capela também inclui um copiar de telhado em três águas sustentado por colunas em estilo toscano dotado de um guarda-corpo em alvenaria desenvolvida ao longo de sua fachada e fixada sua estrutura física, lembrando muitas vezes edificações militares como o Forte de Cabedelo. Vale ressaltar que o seu copiar não se trata de uma extensão do telhado do edifício e sim uma estrutura independente da capela, fixada a parede do prédio. O termo copiar é de origem Tupi e atualmente o seu significado remete-se a “alpendre.”


A capela de importância nacional foi tombada pelo IPHAN em 1938, sob decreto federal, estando no livro de Tombo de Edifícios e Monumentos Isolados além de inscrito no Livro de Belas Artes nº 169 de 05 de julho de 1938. A mesma ainda possui a planta distribuída em uma nave de pequenas proporções, além da capela principal e a sacristia.

Capela da Usina São João ( Antigo Engenho)

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crédito de imagem: http://umdireitoamemoria.blogspot.com.br/2016_08_01_archive.html
Situada nas terras do Antigo Engenho São João Batista, posteriormente Engenho Central e a atual Usina São João, é um exemplar da construção do século XX. Apesar de sua importância histórica e artística a mesma se encontra em abandono, esquecendo-se de sua bela arquitetura neoclássica.

Nela fora batizado o eterno herói de Guerra André Vidal de Negreiros  nascido em Santa Rita, porém atualmente tomado por marimbondos. Deve-se saber também que a capela e o engenho pertenciam aos pais de André Vidal de Negreiros.

Recebeu ainda a visita ilustríssima de Vossa Majestade D. Pedro II no ano de 1859 que ,curioso almejava conhecer o local onde o grande chefe executivo das Capitanias das Províncias do Maranhão, Grão-Pará e guerreiro contra a invasão batava em nosso estado, havia sido batizado. Esta capela por sua vez não é do mesmo período do engenho. Tal conclusão deve-se não por sua data ( desconhecida) mas por sua ornamentação arquitetônica. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A Capela de Bom Sucesso - uma história de resistência e abandono



Uma excelente dica de leitura




Uma capela do Barroco Tropical datada do século XVIII em ruínas, bem no meio de uma reserva de Mata Atlântica no Litoral Norte da Paraíba, uma árvore e anos de abandono e descaso dos órgãos públicos responsáveis pela preservação dos patrimônios históricos e artísticos do Estado: Assim podemos iniciar as apresentações a saga da Capela de Bom Sucesso, situada no município de Lucena.

Situada numa área deslumbrante, o templo foi o tema do livro do padre Ernando Luiz Teixeira de Carvalho - A quem interessa Bom Sucesso?. Nele, o leitor poderá fazer uma viagem rumo passado, ao presente e ao rumo que poderá seguir ( talvez não muito feliz) para as ruínas da capela que atualmente encontra-se praticamente "de pé " graças a uma gameleira ( árvore de grande porte da família das figueiras). 


A verdade é que a árvore ao mesmo tempo sustenta e ameaça o prédio, uma vez que ela está totalmente enraizada por entre a parede do local.



Ruínas de Angkor Wat - Camboja

A árvore paraibana que está a engolir Bom Sucesso ( ou Bonsucesso)  não é centenária, mas possui um porte majestoso, muitas vezes lembrando um mini exemplar perdido nas Américas de Angkor Wat, no Camboja.

Não raro, muitos aventureiros munidos de suas bicicletas ou por meio de caminhadas costumam fazer trilhas nas imediações das ruínas paraibanas. Sempre admirados com esta combinação inesperada entre a arquitetura colonial e artimanhas da natureza. 

(para visualizar algumas das imagens, acesse o Google Imagens com as palavras chave "trilhas em capela bonsucesso lucena"). Para maiores informações sobre as ruínas do templo, abaixo seguem alguns endereços eletrônicos bem bacaninhas!!!!




UM SITE BEM INTERESSANTE!
O CONCIERGE
http://www.oconciergepb.com.br/coluna/caminhadas-na-natureza-trilha-ruinas-do-bonsucesso-em-lucena-litoral-norte-da-paraiba/

MATÉRIA MUITO BOA!
G1 PARAÍBA
http://g1.globo.com/pb/paraiba/paraiba-comunidade/videos/t/edicoes/v/conheca-a-trilha-ate-as-ruinas-da-igreja-de-bonsucesso-em-lucena-bloco-2/3932821/




Preservar o passado é saber reconhecer os passos que damos no presente em direção ao futuro.
FICA A DICA! 


terça-feira, 30 de junho de 2015

S.O.S PATRIMÔNIO!


Falar de Preservação de Patrimônios Históricos e Artísticos no Brasil é lidar com uma série de ações burocráticas, atrasos, abandonos e ruínas! 

Não se trata de um exagero, mas de uma verdade.

Na Paraíba, em especial na Grande João Pessoa, vários bens sofrem a cada dia com o despreparo e ausência de propostas efetivas a fim de solucionarem problemas como estes verdadeiros descasos que geram resultados catastróficos e quase sempre irreversíveis.

Este artigo tem como objetivo apresentar os principais bens que estão literalmente prestes a RUIR!

É pela memória dos Patrimônios que conhecemos um pouco do nosso passado, para tentarmos entendermos e corrigirmos o presente e o futuro! 

Casarão de Esquina - ao lado da Academia Paraibana de Letras.
Hotel Globo

Casa de José Peregrino de Carvalho - Localizada na rua de mesmo nome ( Antigo Beco da Misericórdia) 

Área superior da Igreja da Misericórdia - Rachaduras na base da Estrutura - como mostram as fotografias a seguir. 




Sobrados da João Suassuna
Além destes, podemos citar locais como:

Áreas do Forte de Cabedelo - Reparos;
Casarões da Avenida João Machado;
Casarão da Praça Vidal de Negreiros - Ponto de 100 Réis;
Bica dos Milagres;
Casarões da Rua da Areia;
Grupo Escolar Tomás Mindello - e Teatro Cilaio Ribeiro;
1º Batalhão da PM;
Casarões do Varadouro / Porto do Capim;
Capela de Bonsucesso;
Ponte do Rio Sanhauá - Que liga João Pessoa e Bayeux
Capela do Antigo Engenho Una - Patrocínio - Santa Rita
Capela da Batalha - Cruz do Espírito Santo
Capela de Nossa Senhora do Socorro - Santa Rita
Capelas de Santana do Gargaú - Santa Rita
Memorial de Augusto dos Anjos - Sapé



São inúmeros os prédios que precisam de atenção - Tanto em João Pessoa como nas cidades próximas. A lista é imensa ( Infelizmente).

 Estas são apenas tristes amostras do que precisa ser feito URGENTEMENTE!

Aos caros leitores
um abraços!
E a esperança de matérias que possam enfim representar situações melhores!

Paz e Bem!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Igreja Matriz - Santa Rita de Cássia - Santa Rita /Paraíba

Crédito de imagem: https://projeto200.wordpress.com/page/2/


Inscrita no livro de tombo da Paróquia de Santa Rita, volume 01, p. 52 e 53, a igreja está localizada na parte alta e central da cidade, na atual Praça Getúlio Vargas. Sua característica atual em nada lembra a sua estrutura inicial vindo a passar por algumas reformas. A primeira grande mudança em seu espaço físico deu-se no ano de 1929 com a construção do campanário por parte do Monsenhor Abdon Melebeu que faleceu antes mesmo do término das obras.
Segundo contam populares e alguns pesquisadores, Monsenhor Melebeu foi vítima da falcatrua de algumas pessoas de dentro da igreja que se dizia honestas e integras. Em uma das quermesses promovidas pela paróquia para arrecadar fundos para a construção da torre sineira, o Monsenhor Melebeu confiou o dinheiro arrecadado a uma distinta senhora da qual aproveitando-se daquele dinheiro afanou o ganho e não deu satisfação de nada. Perturbado com o fato, Melebeu tentou reaver o dinheiro, mas a senhora afirmou nunca ter visto tamanha quantia. As pessoas passaram a acusar o pobre padre de ter sido ele o culpado por afanar o valor arrecadado na quermesse. Em uma de suas missas, de forma calorosa, Melebeu declarou a todos o que havia ocorrido e sobre a sua inocência além do golpe que havia sofrido. Não contendo a emoção foi vitimado por um ataque cardíaco, levando a mão ao peito e morrendo ali mesmo sob o olhar atônito de todos.
Tempo depois o Monsenhor foi realmente inocentado e toda a confusão foi desfeita, pena que tarde demais. As obras da torre só foram concluídas em 1932, quando retomadas pelo Monsenhor Rafael de Barros Morais.
Ainda antes do termino da torre, no ano de 1931 a igreja passou por mudanças internas como a substituição de altares de madeira por altares de alvenaria, além da destruição dos altares laterais e parte da ornamentação do altar-mor por ordem do Padre Paulo Koellen, representando assim um atraso e uma perda irremediável a estrutura e beleza da igreja matriz de Santa Rita, ficando apenas na lembrança dos mais antigos.
A fundação do templo também propiciou ao surgimento do comércio local, como a primeira feira livre que surgiu entre os anos de 1822 e 1823 na lateral da igreja.
Em seu interior destacam-se a nave e os corredores laterais ao estilo da Catedral Basílica das Neves em João Pessoa. Segundo o historiador Santarritense, Siéllysson Francisco da Silva,  autor do livro Santa Rita - A Herança Cristã do Real ao Cumbe, além da imprudência de Padre Paulo, outros párocos talvez movidos pela falta de senso de patrimônio e de preservação da memória também cometeram deslizes assim como o padre Josenildo, que crente por estar modernizando o ambiente dispensou um “ lindo sacrário em metal, oferta do industrial Jorge Coelho da Silva(...) para substituir por um mais moderno, feito de madeira, que ocupou a lateral esquerda, onde antes havia o altar do Imaculado Coração de Maria.”
( SILVA, 2007, p. 77).

O templo passou também por algumas reformas após a construção do campanário assim como a do ano de 2000 e a mais recente em 2012. Nesta última, o local passou por uma série de reparos por parte da paróquia de Santa Rita sob a orientação do “Padre Berg. O visual do altar-mor faz uma alusão à pintura Rococó, com o aspecto de marmorização da pintura.  Grades de ferro também foram instaladas na área de entrada antes do vestíbulo ( abaixo do campanário) que formava um terraço aberto. Tal medida veio a ser tomada em proteção ao templo que estava servindo de área para encontros amorosos, uso de entorpecentes e abrigo noturno a viciados que depredavam portas e deixavam a entrada da igreja suja e mal cheirosa. 

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba





Construído entre 1917 e 1919, quando foi inaugurado na Antiga Praça do Comendador Felizardo (atual Praça João Pessoa) Inicialmente construído para abrigar a Escola Normal, durante o governo de  Camilo de Holanda e assim o foi até 1940.
Mausoléu do Ex-presidente da República (entre os anos de 1919-1922) Epitácio Pessoa e sua Esposa 
Durante esse período o prédio passou por reformas perdendo seus traços originais, dando um ar neoclássico. O Hall de entrada abriga desde o dia 23 de maio de 1965 a cripta em que repousam os restos mortais do ex-presidente Epitácio Pessoa e sua esposa Maria da Conceição Sayão Pessoa.

Epitácio Pessoa
Tombado pelo IPHAEP desde 26 de agosto de 1980, sob decreto de lei estadual nº8637/1980.
O prédio abriga também um salão nobre, amplo e iluminado, ornado em detalhes dourados e vermelho. No térreo há também uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, inaugurada em janeiro de 1999. O prédio é disposto em formato de U e abriga os gabinetes dos desembargadores, além de uma biblioteca.


Em sua origem o prédio foi destinado à Escola Normal. Foi inaugurado em 1919. em 1939 foi destinado ao Poder judiciário. Passou por várias reformas e alterações de seu estilo neo-dórico original. O projeto do prédio com caráter de mudança para o neo-dórico foi orientada pelo arquiteto Octávio de Gouveia Freire.
Com a mudança de Escola para o Tribunal de Justiça, muda-se também o tímpano pelo emblema do Tribunal. A maior ampliação deu-se em 1956, sob a orientação do Desembargados Hermes Pessoa.



sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A ARTE QUE VENCE OS OBSTÁCULO DA VIDA: AUTO DE NATAL - NOITE DE LUZ


AUTO DE NATAL - NOITE DE LUZ / LEVA CENTENAS DE CIDADÃOS PARA A PRAÇA PRINCIPAL DE SANTA RITA / PB. 


ESPETÁCULO MÁGICO ABRILHANTA A NOITE SANTARRITENSE COM A MENSAGEM DE PAZ E ESPERANÇA. 


Santa Rita; 19 de Dezembro de 2014
Texto: Lais Lima Sobreira
Fotografias: Facebook
13:50 p.m. 



Noivado de Maria ( Lais Lima Sobreira) e José ( Ivonaldo Rodrigues) 


presépio vivo

Aconteceu na última quinta-feira ( 18/12) o Espetáculo teatral Noite de Luz, sob a direção de Misael Batista, contando ainda com o apoio técnico de Valdir Santos, Shilon Gama, Claudio Correia, Eurípedes Leal de Oliveira e Diogo Wescley. O projeto é uma Iniciativa da Universidade Federal da Paraíba, Tv Tambaú ( Emissora filiada do SBT na Paraíba) e da Prefeitura Municipal de Santa Rita. 


O projeto contou ainda com a integração de três núcleos artísticos, sendo a comunidade católica Lirio do Vale responsável pela parte musical do espetáculo.


 Coube ao Grupo Creuza Pires da Terceira Idade a brilhante apresentação com as danças do universo popular. 




O Elenco principal ficou sob a responsabilidade do Grupo TATY de Teatro de Tibiri II / Santa Rita do ator e diretor teatral Ivonaldo Rodrigues, que de forma bastante profissional encantou e emocionou o público de modo geral. 



O Espetáculo reuniu Dança, Música e teatro interligados aos elementos da cultura popular a favor de um único objetivo: Contar a história do nascimento do Menino - Deus. 





O Auto contou ainda com a narração de um grupo de "Brincantes", alegres narradores que acompanharam todo o espetáculo, contando com a participação dos atores Jodson Ronaldo, Robson Adriano, Robson Feoli, Nivia Ligeane, Laura, Alexsandra Riciane,  Rogério, e Josinaldo Santos. 

Presépio Vivo - com os Brincantes
Um Anjo Azul - Gabriel /  Representando a Anunciação 

 A temática do evento levava o espectador para uma reflexão diante de nossa condição humana na terra, e o nosso dever quanto cidadão em preservar o planeta de forma sustentável, assim como alertar ao descaso que se faz nos dias de hoje em relação a violência, criminalidade e os desvios que a sociedade vem sofrendo cada vez mais trágico.


Balé da Comunidade Católica  Grupo Lírio do Vale

Edilete Bezerra - Raquel / representando as mães que perderam seus filhos na "Matança dos Inocentes" 

Um brilhante espetáculo. 
Um momento de Luz que ficará marcado na história de Santa Rita, cidade que infelizmente sempre está associada a violência nos telejornais. 
Nada melhor do que a Arte, a cultura e o amor para erguer a estima local, tão desassistida pelas administrações públicas. 
Um manifesto pacífico, um grito de que o ser humano tem esperança e a humanidade ainda é possível e se refaz, renasce nos corações cada vez que é estimulada. 

"  Uma verdadeira Noite de Luz na Cidade de Santa Rita. "




sábado, 24 de maio de 2014

Casa da Pólvora e dos Armamentos



Situada no ponto médio da Ladeira de São Francisco - primeira rua da Capital paraibana -  foi estabelecida na cidade por volta do final do século XVI. Erguida no ano de 1704 e tendo as obras finalizadas em 1710, é uma típica edificação setecentista, contando com a sua construção iniciada por meio de decreto da carta-régia de 10 de agosto de 1704.

Nessa época, consta em registros que o Capitão–Mor era o então Fernando de Barros Vasconcelos.
Símbolo da arquitetura militar aqui no Estado, possui uma estrutura física singular, com paredes de pedra, rebocadas apenas na parte frontal, deixando exposto as pedras nas partes laterais do prédio, além de ser rodeado por uma espécie de pátio externo e extenso.

Na parte da frente do prédio existia ainda um brasão incrustado na parede. Porém pela ação do tempo ou por motivos de descaso ou vandalismo, atualmente restam apenas  o espaço que o mesmo ocupava além de uma inscrição na pedra onde lê-se:

"REINANDO EM PORTUGAL OMº ALTO E PODEROZO E SºM NOSSO DOM IOÃO 05º E GOVERNANDO ESTA CAPRTA IOÃO DA MAIA DA GAMA SE FES ESTE ARMAZEM ANNO DE 1710"

(A digitação respeitou fielmente a forma escrita original no brasão)

onde antes havia um brasão da coroa, hoje nada mais resta do que o molde e inscrições que fazem referência ao mesmo

Sua edificação foi estrategicamente planejada para a implantação de equipamentos destinados a defesa da Capitania da Paraíba, sendo a segunda casa da pólvora do lugar e tendo como característica o fato de ser um mirante natural, mediante a sua localização geográfica que permitia a observação da área  do Porto do Capim no Varadouro, além da foz do Rio Sanhauá, que cria naturalmente o limite entre as cidades de João Pessoa e de Bayeux.

Das imediações da Casa da Pólvora pode-se observar toda a extensão do Largo da Igreja São Frei Pedro Gonçalves, construído em estilo eclético e neoclássico do século XIX, além do Hotel Globo e da Praça Antenor Navarro e seu casario do início do século XX que compõe o conjunto da cidade baixa no Centro Histórico da Capital.


O local ainda passou por um período de restauração e reformas de 1977 a 1981. Atualmente, após um processo de revitalização de parte do Centro Histórico, o local abriga a exposição permanente  de fotografias de 1900, de autoria do fotógrafo Walfredo Rodrigues (exposição que recebe o nome do fotógrafo), além de algumas exposições paralelas.

Vale ressaltar que haviam ainda outros armazéns como este, a exemplo do situado na Rua Rodrigues Chaves (este último destruído pelo tempo) e  na Rua General Osório, nº 21 - João Pessoa/PB, onde hoje abriga apenas uma residência que se deixa passar desapercebida por que por ali passa, assim como tantos outros prédios  históricos do Centro da capital paraibana. 








O prédio foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 24 de maio de 1938, inscrito no livro de Belas Artes nº 103, além do livro Histórico nº 058.

sábado, 3 de maio de 2014

Fonte do Tambiá

                                                              



Localizada no interior do Parque Zôo Arruda Câmara no bairro do Roger. Sua origem é associada à uma bela lenda indígena. Após um embate entre índios das tribos Cariris e Tabajaras, o índio Tambiá, guerreiro da tribo Cariri, foi atingido gravemente e logo foi capturado pelos índios da tribo rival. Na aldeia Tabajara, Aipré, filha do cacique Tabajara foi ofertada ao moribundo com o título de “esposa da morte”.  No entanto Aipré já estava apaixonada pelo jovem guerreiro e cuidou-o incessantemente. Tambiá não resistiu aos ferimentos e faleceu e por cinquenta luas Aipré chorou o luto de seu guerreiro. A partir de suas lágrimas formou-se um olho d’água  que veio a verter água doce e mineral.

Por meio dessa lenda batizou-se  o local como  " Fonte do Tambiá" e posteriormente o próprio nome do bairro em que o parque está instalado. Outro motivo pelo qual o nome Tambiá tenha origem deve-se ao grande número de centopeias chamadas tambiás.
A construção da fonte em pedra foi iniciada por ordem da Fazenda Real e custeada por donativos dados pela própria população. Entre os anos de 1889 à 1922 a fonte sofreu diversas mudanças vindo a incorporar ainda e 1922 ao parque que receberia o nome do botânico paraibano Arruda Câmara.
Em seu centro havia as armas imperiais em escudo de pedra. Além desta fonte, outras duas faziam a manutenção de água nas regiões do complexo franciscano ( A fonte de Santo Antonio) e na região por trás do Complexo Beneditino ( A bica dos milagres – em ruínas nos dias atuais).

A fonte do Tambiá é tombada pelo IPHAN,  inscrita no Livro Histórico nº176 de 26 de setembro de 1941.

Estação Ferroviária de Santa Rita


plataforma de embarque/desembarque


 Situada próximo a Feira Livre de Santa Rita, em uma área recuada, é na verdade o ponto de partida do trajeto férreo entre os município de Santa Rita ao município de Cabedelo. Foi projetada ainda no final do século XIX, nos idos de 1880 e inaugurada em 1883 pela The Conde D’eu Railway Company Limited.
Seu uso original era o de transportar cargas e passageiros, servindo hoje apenas para o transporte de passageiros.
Seu auge se deu com a exportação de produtos têxteis da fabrica de tecidos Tibirí e da Usina São João e suas cargas de açúcar, aguardente e álcool.


Após vistorias técnicas feitas recentemente, foi possível encontrar as ruínas das construções primarias do que um dia foi à antiga estação ferroviária de Santa Rita, que de nada se parece com o prédio original.

além das grades destruídas, o mato toma conta de parte do local

Sua construção é datada da década de 30, estando a 30 km da estação de Cabedelo e a 10 km de estação de João Pessoa e ainda 4.2 km de Bayeux.

A estação foi tombada pelo Decreto Estadual do IPHAEP Nº. 22 082 de 03 de agosto de 2001, no entanto apesar de sua importância histórica não é possível perceber os cuidados necessários para a manutenção do prédio visto que são visíveis os reparos que deveriam ser feitos em sua estrutura. 

domingo, 27 de abril de 2014

Complexo Carmelita - Igreja do Carmo e de Santa Tereza - João Pessoa/Paraíba



Situado na Praça Dom Adauto, no Centro de João Pessoa/Paraíba. O Complexo Carmelita da Paraíba só foi iniciado em 1591, compreendendo no convento carmelita da capital e com a Igreja da Guia em Lucena, subordinada a Ordem do Carmo.
Feitos em Pedra Calcária paraibana, atualmente apenas as duas igrejas preservam o formato e traços da arquitetura original Barroco/Rococó (pois por motivos estéticos vigentes no século XIX, o atual prédio da arquidiocese vê-se transformado em um monumento clássico, perdendo a beleza e formato colonial de  origem, um mal irremediável para um patrimônio Histórico).
Na capital paraibana a Ordem Carmelita ficou responsável por fundar a igreja de Santa Tereza da Ordem Terceira, O convento e a Igreja da Ordem Primeira.
Sua fachada voltada ao Oeste abriga um prédio ornado em estilo Rococó. O frontispício em pedra calcária do século XVIII. Acimado por um medalhão da Ordem em pedra calcária, característica própria da Ordem como forma de “demarcar território religioso.”
porta falsa em pedra


A fachada abriga também uma janela circular com armação em forma de sol podendo este representar o próprio Cristo como formato de luz e direção ao mundo. O sol no que se diz a posição geográfica do templo também pode ser um sinal cardeal. O mesmo formato de sol da janela visto do lado de fora também pode ser visto do lado de dentro do templo.
As portas de madeira da fachada são ladeadas por duas falsa portas esculpidas em pedra calcária e possuindo apenas fins decorativos estéticos.
nave/ arco cruzeiro/altares laterais e altar-mor ao centro


A nave ampla e imponente abriga paredes ornadas em azulejos portugueses que contam a história de Nossa Senhora do Carmo. Um vestíbulo coroa a entrada, com pinturas representando a Santíssima Trindade, em tons pasteis, com influência Rococó. A frente do altar-mor em divisão com a nave encontra-se o Brasão da Ordem terceira acima do arco-cruzeiro feito em cantaria.

altar-mor

Os púlpitos laterais, destinado às homilias recebeu tons creme, marrom e dourado, remontando a coloração rococó. A frente do altar-mor, quatro altares laterais em forma de retábulos.
pintura no vestíbulo


pia de água benta em forma de concha - típico Rococó - Pedra calcária

altar lateral - direita
O altar-mor é trabalhado com traços Rococó com um conjunto de seis degraus e mais já no altar, há um conjunto de 6 degraus,sendo o mesmo altar ladeado por 18 bancos de madeira para o uso eclesiástico. Curiosamente, acima dois dos quatros altares laterais na nave, pode-se perceber alguns símbolos que se passaram desapercebidos durante os séculos. Na verdade a imagem sutil está representada por um triangulo invertido onde ao centro é possível perceber o relevo que forma a imagem de um olho, semelhante ao símbolo maçônico. Porém, nada de estranhezas, sendo algo possível sim, visto que a fraternidade esteve (e está) por séculos inserida nas construções arquitetônicas mais imponentes ao longo dos anos ao redor do mundo, tais como os "compagnonnage" - companheiros, hábeis construtores. 
O triângulo invertido remete-se ao feminino, à mulher, ou no caso do templo, a Virgem Maria, figura feminina máxima de veneração. Acima de um dos altares laterais, uma espécie de afresco faz alusão ao Êxtase de Santa Tereza de Bernini. Uma pintura curiosamente parecida com as formas representadas na escultura do Italiano. 
O altar é ladeado pelas imagens de Santo Elias e Santo Eliseu estando ao centro à imagem de Nossa Senhora do Carmo. 
É interessante ressaltar que este templo recebeu também visitas ilustres como a de D. Pedro II e sua comitiva Real em passagem pela Capitania da Paraíba.


IGREJA DE SANTA TERESA  -  IGREJA ANEXA AO TEMPLO DO CARMO

 
Alta-mor


Altar-mor - detalhes

detalhe da cúpula do altar-mor

púlpito 

altar lateral - retábulo



Com a planta recuada em relação ao templo principal é feito em pedra calcária assim como o templo principal. Este templo, porém não este ligado às paredes do templo ad ordem terceira, estando este ligado apena por um “beco” onde se podem encontrar jazigos perpétuos em sua extensão, além de objetos diversos, quase como uma dispensa.

coro / óculo e parte da pintura do forro
O recuo da planta em relação ao templo da ordem primeira de forma proposital deixa a subentender que diante da hierarquia vigente a Ordem Primeira possuía mais prestígio e vez mediante a Ordem dos leigos. O templo servia como casa de orações dos irmãos leigos.
O púlpito em suave decoração é formado por um caixote com talha, não muito alto.
Construído com a presença de talhas em madeira policromada no altar-mor e laterais assim como a capela-mor. O teto da nave abriga um forro pintado com a vida religiosa de Santa Teresa D’Ávila.
nave e altar-mor ao fundo






























 O seu valor artístico sobrepõe ao do templo principal. Seu arco-cruzeiro em pedra coroa a frente de um belo altar-mor com detalhes no teto, além de um pendulo em forma de pinha, fazendo uma alusão ao Barroco Tropical.



O CLAUSTRO DO CONVENTO

Área reservada para a ventilação e entrada de luz nos conventos, os claustros também eram áreas de circulação, reflexão e orações. O claustro do complexo Carmelita assemelha-se a alguns outros existentes pela região Nordeste a exemplo de Olinda. Do claustro também observamos
a preocupação dos carmelitas com a arquitetura do templo. Se do lado de fora ainda no frontão podemos perceber duas portas falsas em pedra, na lateral do templo encontramos uma arcada, composta por um série de portais em pedra calcária ao estilo simétrico em arco-pleno que adornam o ambiente entre o templo, corredor e claustro segue em formato de arco até o final do prédio. Mesmo com a ausência dos portais, pois ao fim do corredor atualmente há a secretaria paroquial, as janelas bem pequenas ficaram coroadas com mais quatro arcos plenos esculpidos na parede, seguindo a simetria de sua ornamentação. A preocupação simétrica também pode ser encontrada na posição das janelas acima, estando cada uma colocada na distancia de um arco de uma para outra. Esta colocação apresenta ao olhar mais leigo um equilíbrio e uma preocupação estética bem definida, apesar da característica assimétrica do Barroco-Rococó ( estilos artísticos com os quais a maior parte das edificações do período colonial na Paraíba foram erguidas).


claustro

os belos arcos dão acesso ao claustro

prédio da arquidiocese - Palácio do Bispo


A imagem ao centro foi substituída por outra em  barro cozido, devido o desgaste da imagem da fotografia. Foto de agosto de 2009. 



Do corredor podemos conferir uma das escadarias que davam acesso ao púlpito com o qual se comentava a homilia na hora da missa. A escadaria do qual era composta seguia ao mesmo material do templo, sendo de pedra calcária. No momento da missa, abria-se a “portinhola” que a trancava e se fazia o comentário do evangelho do dia.


Como era costume da época, muitos sepultavam seus restos mortais e até o próprio corpo no território santo da Igreja e mosteiros como forma de purificação da alma do defunto. Por isso não é difícil encontrar lápides das mais simples às mais bem elaboradas, pertencentes a pessoas de influência em sua época como políticos, Barões, Senhores de Engenhos e familiares em jazigos perpétuos, como o caso do Senhor Duarte Gomes da Silveira e sua esposa Dona Fulgência Tavares no Morgado do São Salvador do Mundo (de sua propriedade) na Igreja da Misericórdia com o qual também conferiremos neste material. Nas paredes da Igreja do Carmo não seria diferente. No caminho para o claustro encontra-se algumas lápides curiosas a exemplo do Mausoléu do então Senhor Silvino Elvídio Carneiro da Cunha: O Barão do Abiahy. Com as letras um tanto apagadas, lê-se de início: “Mausoleu da Família Abiahy onde Repouzam os Restos Mortaes do Seo Chefe Barão do Abiahy Silivo Elvidio Carneiro da Cunha (...)”

Mausoléu do Barão do Abiahy


Acima da referência uma escultura em forma de livro – provavelmente uma bíblia carrega em cima a expressão latina Hodie Mihi, Cras Tibi que em grossa tradução pode ser entendida como “hoje a mim, amanhã a ti” ou “eu sou você amanhã”. Tal frase é comum na formação de epitáfios. 



crédito de fotos: Lais Lima Sobreira